O Núcleo
Cênico de Teatro da cidade de Pindamonhangaba foi convidado a se apresentar na
Mostra da Virada que acontece dentro da Virada Cultural Paulista, com a peça “Giselle”
na Praça da República em São Paulo.
Porém, o que era para ser um evento sócio-cultural, educacional e
artístico, acabou se transformando num campo de guerra, entre marginais e
cidadãos. Cidadãos estes que buscavam um pouco de informação e formação
cultural por meio de exibições de documentários, peças de teatro, exposições de
artes, performances, espetáculos de dança, enfim, buscavam um pouco de arte.
Arte para sorrir, Arte para chorar, Arte para esquecer, Arte para lembrar, Arte
para viver, Arte para SOBREVIVER!!! Sobreviver num país onde não há uma
política sustentável de saúde, educação e segurança. Num país onde se falam muito por direitos,
mas e os deveres? Estes já não são lembrados ou praticados há muito tempo,
desde a colonização!
Um evento
que se diz exemplo de cultura para todos, cultura de graça 24 horas para todas
as idades, todas as classes sociais, sem preconceitos, sem preleções. Um
orgulho para a cidade de São Paulo que produz um evento democrático, onde toda
a forma de arte é valorizada e respeitada.
Valorização? Respeito? Artistas sem estruturas para as realizações de
seus trabalhos, artistas sem segurança, sendo expostos a todo tipo de risco a
sua arte e a sua vida. O Público presente não estava ali para apreciar ou
valorizar o trabalho de um artista ou grupo que batalha, luta para comprar a
maquiagem, para conseguir pelo menos um transporte , já que patrocínios no
nosso país é monopolizado. Um artista que luta para viver ou sobreviver num
país que não fornece subsídio ou auxílio nenhum seja para a saúde, educação,
muito menos ARTE. Como diz o ditado: “Arte não mata a fome”. Essa mesma fome
que gera divisões entre classes sociais, criando atritos e atitudes de falta de
educação e desrespeito um para com os outros, gerando a desigualdade , presente
numa sociedade que está cada vez mais decadente e pobre, mas não pobre de
dinheiro, e sim pobre de espiritualidade e bom senso.
O Núcleo
Cênico foi impedido de se apresentar no local combinado, pois a cada minuto
gangues faziam arrastões por onde passavam, inclusive num destes arrastões uma
das atrizes do núcleo teve sua bolsa quase furtada, pois a mesma revidou a ação
dos bandidos, num ato de reflexo de auto-proteção, puxou sua bolsa para si.
Segurança? Nossa segurança pública, onde pagamos
seus salários ali não estavam presentes, haviam mais Garis varrendo as ruas do
que policiamento presente no local e nos demais locais aonde estava acontecendo
a virada. O prefeito da cidade de São Paulo estava mais interessado em manter a
aparência do que proteger cidadãos e artistas o tempo todo vulneráveis às
atitudes de vandalismo.
Em
decorrência dessas atitudes, o núcleo precisou se abrigar no Espaço Cultural
Waldem responsável pelo a mostra, no
qual nos recebeu muito bem. O espaço manteve sua entrada bloqueada para
freqüentadores da virada, somente entravam pessoas autorizadas ou que faziam
parte do evento. André Araújo, Ator e Organizador da mostra estava surpreso
pelo que estava acontecendo “pela
primeira vez eu vejo isso acontecer na virada cultural. O sentido se perdeu,
hoje estamos vendo uma guerra civil lá fora, pessoas interessadas em vandalizar
do que curtir arte, isso nunca aconteceu antes” Comentou André.
O núcleo
teve a opção de apresentar no espaço cultural Waldem, mesmo o espaço não comportando
todo o cenário, o grupo aceitou. O núcleo teve que retornar ao estacionamento
onde estava o transporte para buscar figurinos e cenários. Pois a falta de organização do evento mais
cobiçado e falado nacional e internacionalmente, não permitiu e não permitia a
passagem de transportes de grupos que iriam se apresentar na virada. Tendo
estes que deixarem seus transportes nas ruas ou em estacionamentos
particulares. Um evento sem estrutura nenhuma para seus artistas se abrigar ou
se apresentar com um mínimo de segurança e respeito. Ao retornar ao local, foram aconselhados pela
equipe do estacionamento ao não fazerem o percurso de volta, pois duas mortes
já haviam se confirmado no trecho por onde o núcleo teria que passar e gangues
estavam fazendo outros arrastões. O grupo chegando num bom senso e com
democracia, optou pela sua segurança, já que o estado , a política e, o
sistema, falido a muito tempo, não estavam oferecendo a população presente o
mínimo de segurança.
O núcleo se
retirou de cena, não podendo apresentar sua arte num vento para a arte. Num
evento que antes de pensar em servir pão e vinho para o povo, deveria ter
pensado primeiro em servir segurança e direito de apreciar trabalhos
desenvolvidos por artistas que se dispuseram a saírem de suas casas, cidades ou
estados, até mesmo país, para alegrar um pouco uma nação que está cansada de
pão e vinho para cidadãos trabalhadores e caviar para traficantes, políticos
corruptos, bandidos, etc. Todos tem direitos,
direito a educação, a saúde e a segurança, isso pelo menos é o que está na
constituição. Mas na prática, direitos, principalmente o tal dos “direitos
humanos” esse somente tem quem pode: Menores infratores, estupradores, etc. Já
o cidadão que trabalha para comprar pão, pois o salário não comporta um bom
vinho, este tem que viver preso dentro de sua própria casa, numa verdadeira
prisão enquanto os bandidos, arruaceiros e marginais, estão a solta produzindo
mais e mais violência, especialmente em um evento que deveria ser para produzir
arte e arte para todos: família, estudantes, intelectuais, artistas, etc. Mas está na hora de rever esse “para todos”,
pois nem todos merecem ou não estão preparados para esse tipo de evento.
Para
finalizar: o artista independente, de rua, que respira arte o tempo todo, não
foi respeitado e valorizado numa Virada que tinha tudo para dar certo. Somente
cantores de sucesso como Ivete Sangalo, Daniela Mercury, etc, tem esse direito
porque pagam mais impostos, já o restante, para o poder público que é
subordinado pelo o poder paralelo, esse não respeita e nem respeitou nenhum
artista ou cidadão disposto a apreciar a arte. Então Senhor Prefeito Fernando Haddad antes de fazer um evento onde
a mídia só mostra ao que interessa para sua política, não seria melhor pensar primeiro
e rever o que deu certo e o que não deu?
Não seria melhor cancelar um evento onde há mais produção de violência e
baderna do que produção de arte? Pense nisso a população agradecerá. Pois
ficou-se uma dúvida no ar..
Virada
Cultural ou Virada Marginal? A arte se
confundindo com a violência. A arte sendo banalizada no lugar de ser aplaudida.
O Núcleo
Cênico de Teatro agradece ao Prefeito Vito Ardito Lerário pela transporte
cedido ao grupo, ao Departamento de Transporte da cidade de Pindamonhagaba pelo
carinho com o qual o grupo foi tratado, ao Ator e organizador do evento “Mostra
da Virada” André Araújo e ao Espaço Cultural Waldem localizado na República n°
119 em São Paulo.
O Núcleo
Cênico de Teatro é formado por Sérgio Corrêa, Juliana Ferreira, Naty Almeida,
Bárbara Lisboa, Wesley Silva, Erick Jonnhy, Larissa Velasco, Franciele Fuentes,
Bia Santos, Bruna Calasans, Erdeson Cleiton e Mônica Alvarenga, diretora da
Cia.
“agradeço a todos do grupo pela
compreensão e pela disponibilidade. Parabenizo a todos pelo ato de coragem de
se retirar de cena com a cabeça erguida, pois não nos apresentamos porque não
quisermos e sim pela falta de condições oferecidas pela organização da Virada
Cultural Paulista que fugiu do controle. Agradeço a todos os atores e equipe
técnica, pois o show não pode e não vai parar, isso serviu para nosso
crescimento, pois Virada Cultural paulista, essa nunca mais!!!!” Finaliza Mônica Alvarenga diretora do
grupo.
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